quarta-feira, 29 de abril de 2009

Excerto do artigo “Autoridade” por Nuno Lobo Antunes (Arquivo Lux, semana de 27 de Abril)



“(...). Frequentemente assisto à falência da autoridade. Na sociedade actual, em que as mães (muitas vezes por necessidade, nem sempre por opção livre) exercem também uma profissão, é comum um complexo de culpa de alguma forma amaciado por tolerância de comportamentos que em condições normais não seriam aceites.

Tenho para mim que o exercicio da autoridade não é um privilégio ou direito dos pais, é antes um dever, uma obrigação essencial na transmissão para as gerações seguintes de valores que consideramos essenciais. A autoridade deve ser exercida em equipa. Discordâncias entre os pais quanto a determinada atitude ou reacção para com os filhos devem ser guardadas e discutidas em privado, sem o que as crianças acorrerão pressurosas a aumentar discórdia num jogo de dividir para reinar. O que o pai ou a mãe afirma como regra, o outro terá de aceitar, pelo menos até que surja novo consenso. As crianças devem ver os pais como um bloco único, não parceiros ocasionais ou transitórios, ao sabor dos interesses do momento. Claro que actualmente a escola deverá ser parte fundamental dessa equipa e o papel e a autoridade do professor, apenas questionados em circunstâncias excepcionais.

É preciso que se entenda que a autoridade dos pais, exercida com constância, coerência e sentido de proporção, é factor essencial para que a crinaça se sinta segura. Ela necessita de conhecer as regras, de ter claros os limites. Se tal não for o caso, interrogará os pais na idade adulta, e de forma inteiramente justa, por que não foram eles capazes de lhe indicar o caminho. É preciso também que se compreenda que o exercico da autoridade pressupõe a transmissão de valores. (...)”

1 comentário:

Anónimo disse...

Só um bom conhecedor e vivência com crianças, para ter uma visão lógica, tão abrangente como esta, Parabens...