segunda-feira, 6 de julho de 2009

Fiscalização

"Um dia, o Zé, de 7 anos, foi nomeado pela professora, como prémio por ter tido as melhores notas na redacção e no ditado, para "fiscal" dos outros meninos, apontando no quadro os nomes dos que falavam ou se "portavam mal".
Os outros começaram a tomá-lo de ponta, especialmente porque um deles, o Bruno, foi "fichado" apenas por espirrar. Gerou-se uma discussão entre os alunos daquele segundo ano: "Falaste!", "Não falei, mentiroso, só espirrei!", acabando a professora por intervir e dar razão ao Zé. No intervalo, três miúdos cercaram-no e quase chegaram a vias de facto.
Infelizmente, muitos professores são os geradores de promiscuidade entre o papel dos alunos e o dos mestres. Fiscalizar os colegas em questões de comportamento, além do que tem de arbitrário, duvidoso e desconfortável para o próprio e para os outros, é não saber onde acaba a função do que ensina e a do que aprende, e inverter a posição hierárquica do docente e do discente, servindo também para criar "bufos". Mais tarde, virão as conhecidas histórias de telemóveis e coisas parecidas..."
Por Mário Cordeiro - Médico Pediatra In noticiasmagazine de 28 de Junho de 2009