quinta-feira, 19 de março de 2009

Ortorexia ou Ortorexia Nervosa

As Doenças do Comportamento Alimentar são comuns em todo o mundo, sobretudo em países desenvolvidos onde determinados padrões de beleza estão instalados. A pressão constante da sociedade sobre o “culto” do corpo fez emergir o número de indivíduos com perturbações alimentares, sendo que a sua prevalência se encontra na população adolescente, cujos comportamentos e perturbações alimentares continuam a ser o espelho das suas inquietações e conflitos psicológicos. Desta forma, é importante que os pais e os professores estejam atentos a alguns sinais ou sintomas de alerta e, é neste sentido, que nos propomos falar de Ortorexia.

Ortorexia deriva das palavras gregas orthos que significa correcto e orexis, apetite, tendo sido descrita pela primeira vez em 1997, pelo médico americano Steve Bratman que a caracterizou pela obsessão de ingestão de alimentos saudáveis.

Embora ainda não seja reconhecida como uma doença pela Organização Mundial de Saúde, a ortorexia tem vindo a ser motivo de debate entre os especialistas em comportamento alimentar.
A Ortorexia é um distúrbio alimentar ainda pouco conhecido e há quem considere até que classificá-la como doença pode estigmatizar as pessoas que se preocupam com uma alimentação saudável.

A consciência da necessidade de uma alimentação saudável é compreensível, e desejável, no entanto, deixa de o ser quando se torna o único objectivo de vida, ou seja, quando a busca por uma alimentação saudável se transforma numa obsessão.

Os ortoréxicos não medem esforços para comprar seus alimentos: percorrem longas distâncias e pagam valores muito superiores ao dos alimentos comuns. Dedicam grande parte do seu tempo a planear, comprar e a preparar as refeições. Preparam as ementas com muita antecedência e esquematizam escrupulosamente tudo e as horas a que irão comer. Preocupam-se excessivamente com o processo de confecção dos alimentos bem como com os materiais que constituem os utensílios de cozinha. Excluem da sua alimentação a carne, as gorduras, os ovos, os doces, e os alimentos onde foram adicionados aditivos e pesticidas, por os considerarem prejudiciais à saúde. Muitas vezes preferem passar fome a ingerir alimentos “impuros”. Além disso, recusam-se a comer em restaurantes e em casa de familiares e/ou amigos com medo dos pratos que serão servidos não se adequarem à sua dieta.

Ao contrário de outras doenças de comportamento alimentar, como a bulimia (ingestão compulsiva de alimentos seguida de vómito forçado) e a anorexia nervosa (recusa dos alimentos com o objectivo de perder peso), em que o doente tem uma preocupação com o controlo de peso, ou seja, com a quantidade de alimentos ingeridos, na ortorexia a grande preocupação é a qualidade dos alimentos. O ortoréxico, ao contrário do anoréxico, não está preocupado com o excesso de peso, nem tem uma percepção errada do seu aspecto físico; a sua obsessão centra-se em manter uma dieta equilibrada e sã, de tal modo que esta se converte num estilo de vida. A ortorexia não recusa, mas selecciona, ao extremo, os alimentos.

Os ortoréxicos desenvolvem as suas próprias regras alimentares, cada vez mais rígidas e específicas, de tal forma que se sentem culpados quando não as cumprem ou castigam-se com uma alimentação ainda mais rígida quando cometem um deslize, o que aponta para o carácter obsessivo - compulsivo do seu comportamento.

À conta de um regime alimentar muito rígido a pessoa começa a prejudicar a sua qualidade de vida e até os seus relacionamentos sociais, pois a sua retracção faz com que restrinja as suas amizades a pessoas que seguem o mesmo tipo de alimentação.

A Ortorexia pode ainda acarretar graves prejuízos à saúde, como anemia e carência vitamínica, caso o ortoréxico não substitua os alimentos que evita consumir por outros que lhe ofereçam o mesmo complemento nutricional.

A identificação dos sintomas de ortorexia pode fazer-se a partir do Teste de Bratman:
Passa mais do que 3 horas por dia a pensar na sua dieta?
Planeia as suas refeições com vários dias de antecedência?
Para si o valor nutricional dos alimentos é mais importante do que o prazer de os comer?
A sua qualidade de vida degradou-se quando melhorou a sua qualidade alimentar?
Nos últimos tempos tornou-se mais exigente consigo próprio?
A sua auto-estima fica reforçada por comer saudável?
Deixou de comer alimentos de que gostava para apenas comer alimentos “saudáveis”?
Considera que comer fora de casa é um problema e isso afasta-o da família e amigos?
Sente-se culpado quando sai do regime?
Sente-se em paz consigo e acredita que tudo está sob controlo quando come saudável?
Se respondeu afirmativamente entre 4 e 5 perguntas significa que é necessário relaxar mais um pouco no que respeita à alimentação. Se respondeu afirmativamente a todas as questões significa que tem uma obsessão pela alimentação saudável.
Tal como em muitos outros aspectos da alimentação, a chave é a moderação. É recomendável que se tenha uma preocupação com a alimentação, mas sem excessos.

Mais informação:
http://www.orthorexia.com/