terça-feira, 13 de outubro de 2009

PIB vs FIB - Imagine um mundo cuja economia fosse medida pela felicidade dos seus cidadãos


Como pode dizer-se que a economia vai bem ainda que o povo vá mal?

Nicolas Sarkozy, o presidente francês, encomendou a Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia, um estudo sobre um novo indicador que tenha em conta o bem-estar e a felicidade para, eventualmente, substituir o PIB (Produto Interno Bruto). Considerar apenas a produção de bens e serviços no cálculo da riqueza de um país, como acontece com o PIB condiciona os comportamentos político, social e individual.

Joseph Stigliz, o indiano Amartya Sen - criador do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - e Jean-Paul Fitoussi, presidente do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, defendem uma idéia simples: integrar indicadores sociais como bem-estar e a qualidade de vida no cálculo da riqueza das nações. "O PIB não está errado", diz Stiglitz, "mas é utilizado de forma errada". No cálculo actual do PIB, mede-se uma série de variáveis que não geram bem-estar. Para deixar claro o conceito, Stiglitz dá como exemplo o facto de que “os congestionamentos de trânsito podem aumentar o PIB, já que elevam o consumo de gasolina, mas não o bem-estar das pessoas, que se sentem entediadas sempre que são obrigadas a ficar paradas no trânsito”.

É preciso colocar o indivíduo no centro de qualquer análise. Se um líder político não conhece a situação real de sua população, ele é como um piloto sem bússola, e as medidas que ele toma podem ter o efeito contrário ao desejado. As estatísticas devem valorizar os investimentos em sectores como saúde, educação, segurança ou transporte através de um novo prisma. Actualmente, eles são contabilizados a partir do número de médicos, professores ou policiais contratados, e não do bem-estar proporcionado à população. O objectivo é destacar políticas públicas eficientes e não o gasto global. Stiglitz lembra que os Estados Unidos gastam 15% do PIB com saúde, um recorde mundial, mas que 45% dos americanos não têm nenhuma segurança social.

Com relação à qualidade de vida, não se deve limitá-la à contabilidade da dimensão material da riqueza; deve-se também medir as relações sociais, as férias, o tempo livre, o contexto político, a insegurança, que servirão para calcular a satisfação de cada indivíduo. Os recursos económicos não são tudo o que importa na vida das pessoas. A riqueza por si só não nos traz necessariamente bem-estar e é só umas das muitas variáveis a ter em conta na equação da felicidade.

Um país onde a felicidade vem antes da riqueza não é fácil de encontrar. Mas o Butão nunca encontrou indicador mais adequado aos seus valores e aspirações que medir a felicidade dos 200 mil habitantes. O conceito nasceu no país, mas o país que lidera o top dos mais felizes do mundo é a Islândia, seguida pela Dinamarca e Colômbia.

Parece que estamos perante uma mudança de paradigma...Bem-Haja!!